segunda-feira, 5 de abril de 2010

Andar atrás.

Quando passamos por caminhos - literalmente falando - que em algum lugar do passado fora trilhado, seguindo-se as mesmas ruas, esquinas, morros, etc, é comum que nos venha aquele sentimento nostálgico, bem típico em algumas pessoas e nem tanto em outras, porém presente. A comparação entre os tempos não é difícil, principalmente se existe um período de tempo suficiente para nos remeter à reflexão, ou, pelo menos, a um passeio no passado. Mais importante e sublime que a comparação entre os tempos, passado e presente, é a comparação da pessoa que hoje és, com a que fora outrora, ou seja, do efeito do tempo em sua existência.
A sensação pessoal que tive, recentemente, foi a de quase imobilidade na linha do tempo: pareceu-me que o efeito do tempo mal tinha incidido em mim! Felizmente esse sentimento não passou de efêmeridade, pois, seguindo a lógica da questão, meus esforços de aproximadamente 6 anos haveriam sido praticamente em vão. É claro que, no caso, não estava a considerar apenas aspectos existênciais em si, mas uma certa gama de aspectos que nos envolve como, além de animais humanos, animais sociais. Logo percebi que, além de grande parte das variáveis que controla o nosso dia-a-dia permanecerem bastante parecidas com as dos "old times", muita coisa mudou. As vicissitudes da vida agiu de forma veemente em minhas estruturas conceituais. Logo notei que os pensamentos, análises, críticas que afloraram em minha mente durante a longa e esforçada caminhada divergiam bastante daqueles de outrora. Só então me dei conta de que tal mudança, tão complexa, devastadora e desprovida de controle pode ser considerada o maior ganho durante tal trajetória da minha vida. O que parecia uma caminhada estática ou retrógrada, em minutos tomou uma nova paisagem, ao decorrer da caminhada.
Não é hoje que eu prezo pelas "pequenas" e "simples" coisas da vida. Talvez isso explique a impressão imediata do insucesso em relação às mudanças de algumas variáveis do dia-a-dia que deveriam ter ganhado novo patamar, mas talvez também leve à investigação de coisas tão unicas, tão dignas de serem apreciadas em suas particularidades, e, por fim, ajude a responder, senão pelo menos sentir o que faz parte do "sentido da vida"...

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Andar na frente.

Cena que há muito me chama atenção, arranca-me tímido sorriso e enche meus olhos de interesse é aquela que os pequeninos disparam-se a correr na frente de suas mães, babás ou responsáveis por eles enquanto caminham com certa liberdade pela rua, geralmente indo ou voltando da escola. De tanto acompanhar, com prazer, esta cena por inúmeras vezes de alguns anos pra cá, alguma coisa além da jacosidade proporcionadas pelo andar-quase-pulando das crianças que tentam fugir do adulto, exasperando-o com facilidade, me chamou atenção. De onde provém tamanha necessidade de afastar-se de seu tutor? Seria uma simples vontade ou necessidade de gastar energia? Ou talvez simples felicidade e empolgação em ir para o local de destino? Creio que não.

Tenho a ligeira sensação - e dispenso, para isso, qualquer tendência científica - de que é um ligeiro sinal da busca pela independência, pela emancipação. Mesmo que muito jovens e pequeninos, é viável de se pensar que em suas pequenas cabeças e sistema nervoso em desenvolvimento(ainda sem algum apelo científico) os piquititos começam a buscar, de forma despercebida, a auto-suficiência que dentro de algum tempo, começará a se manifestar.

Fazendo sentido ou não, o importante é que esse tipo de coisa se mantenha, e possa nos arrancar fáceis sorrisos durante longo tempo.